Uma praga que tem origem debaixo da terra está se espalhando pelas cidades e levando prejuízos a milhões de pessoas. E ninguém está totalmente protegido contra ela.
Uma árvore grande raramente cai por culpa da tempestade ou do vento forte. A ameaça que enfraquece a raiz e o tronco é quase invisível: o cupim subterrâneo, uma espécie asiática que entrou no Brasil pelo porto do Rio de Janeiro por volta de 1920.
Eles gostaram do clima, não encontraram predadores na cidade, viraram praga. Inimigos públicos que ameaçam residências, bibliotecas, centros de pesquisa e o patrimônio histórico.
Várias obras de Portinari viraram comida de cupim. Qualquer lugar com madeira ou papel pode ser alvo.
Esse tipo de cupim raramente mora na casa que destrói. Ele precisa de terra e de umidade para fazer o ninho. Por isso, a colônia normalmente fica debaixo das fundações, em árvores, jardins e praças que podem ficar a 100 metros de distância.
Basta um casal encontrar um bom lugar para um ninho e começar a se reproduzir. Em cinco ou seis anos, um milhão de cupins saem em busca de comida. Eles escavam túneis na terra e quando escolhem um prédio, contornam o concreto até achar uma passagem.
“Ele não come concreto, ele não desgasta o concreto, porque é muito duro, ele não conseguiria fazer isso. Ele procura madeira e ele vai usar os espaços que existem na alvenaria para se deslocar dentro de uma edificação. O espaço para o encanamento na alvenaria é uma avenida para eles passarem de um andar para o outro no caso de um prédio”, explicou o biólogo Sérgio Brazolin.
Numa casa, quando o dono abriu o armário, o estrago estava feito. Os cupins subterrâneos deixam pistas quando vão de um lugar para o outro. Eles só andam por túneis.